quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza?



Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mas (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

O texto estava assinado por Arnaldo Jabor, mesmo que não tenha sido escrito por ele, eu faço questão de assinar embaixo!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Prazo Final

Aparentemente aquela era a quarta-feira com cara de segundona mais tranquila no trabalho. Após um longo feriado prolongado, estava tentando retomar às atividades do dia-a-dia. Em um rápido bate-papo com o amigo e colega de faculdade, Bruno Freitas, senti certo desespero em suas palavras quando ele afirmou: “Essa é a nossa semana da extensão”. Considerando que as matérias deveriam ser entregues na manhã do dia seguinte, me restavam pouco mais de 24 horas para entregá-la. Parece muito tempo, mas quando não se tem uma pauta definida tudo torna-se mais complicado.

Foi então que a quarta-feira teoricamente ociosa tinha dado lugar a um furacão de pensamentos e ideias sobre o que escrever, afinal, a página da extensão não poderia sair em branco por minha causa. Entre poucas sábias palavras a professora e coordenadora deste projeto, Patrícia, lançou o assunto: “Desperdício de alimentos em Pouso Alegre”. Bingo! Quantas vezes nos deparamos com lixos repletos de restos de comida? Quantas pessoas sobrevivem apenas com o que encontram nos lixos? Quantas coisas jogamos fora sem necessidade? Perguntas como estas começaram a surgir em minha mente.

Comecei a pesquisar o tema na Internet e buscar informações sobre a realidade brasileira, paralelamente, levantei fontes que pudessem me colocar à parte da situação de Pouso Alegre. Enfim, em algumas horas consegui agrupar informações relevantes que me norteariam para a produção da matéria.

Em uma breve caminhada, por duas das principais ruas da cidade, avistei uma senhora de cabelos grisalhos, pele morena de sol e marcas que caracterizavam certas experiências de vida empurrando um carrinho carregado de objetos. Tentei chamá-la por duas vezes sem sucesso. “Senhora?”, “Senhora?”. Enquanto não me aproximei o suficiente para que, além de me ouvir, pudesse me ver, ela não me deu atenção. Acostumada a não conversar ou a não ter a atenção assim tão diretamente a simples senhora sorriu. Conversamos durante algum tempo e percebi quantas coisas são descartadas sem consciência e quantas vezes passamos por essas pessoas sem dar o mínimo de atenção transformando-as em "pessoas invisíveis".

Consultei outras fontes e aos poucos as palavras surgiam e a matéria foi redigida. Hora de titular! Putz! Minha maior dificuldade! Mais uma vez era a hora de recorrer à Mestre Paty. 

Quinta-feira! A ordem era entregar a matéria até às 9h daquela manhã. Mas devido a probleminhas técnicos eu ainda não havia tirado a fotografia. Como não pude fazê-la nos momentos das entrevistas, não poderia ser de uma fonte, levando em consideração que já haviam sido realizadas. Hora de procurar um lixo recheado de desperdícios. Mas onde encontrar um às nove e meia da manhã sendo que muitos restaurantes nem sequer estavam abertos e o caminhão do lixo tinha passado na noite anterior? Foi quando surgiu a ideia: "Mercadão Municipal"!!! Dito e feito. Muitas verduras descartadas nos latões laterais. Foto feita. Matéria entregue.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Lembranças do Chão...


Ela "era" uma máquina de 8kg... agora não passa de um "tanquinho"...
O lance é: o que é mais potente? Uma máquina de 8kg ou um simples tanquinho?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O dia que não terminou...

Às cinco da manhã meu sono foi brutalmente interrompido por aquela viagem. Confesso que estava empolgada, afinal, qualquer mulher em sã consciência ficaria feliz em saber que passaria a tarde na tão sonhada (tirando todos os seus defeitos) rua de São Paulo, 25 de Março.

O motivo real da ida a São Paulo era (e foi) fazer um Seminário para Jornalistas na Associação do Comércio e Indústria de São Paulo. Até aí tudo certo, mesmo porque a programação do evento ocupava apenas o período matinal. Para causar boa impressão, levando em conta o porte da entidade da qual estávamos indo visitar, fomos (eu e a Loira) de botas. Mas como prevenidas mulheres que somos, tratamos de levar um outro par de sapatos confortáveis para nos acabar na "25".

O que não esperávamos era que nossas ilustres companhias, que de quebra ocupam dois dos altos cargos da hierarquia da empresa, fossem acabar como nossa felicidade. Após 3 horas de palestras finalmente encontraríamos a gloriosa rua dos sonhos de consumo. Mas antes de descermos a famosa Ladeira Porto Geral, lembramos da necessidade de trocarmos nossas belas botas e "se jogar" morro abaixo. Foi aí que veio a boa má notícia:

- "Ninguém mandou vocês duas virem de salto, vão ter que aguentar!"

Pior seria um balde de água fria na cara! De um lado a loira segurando as sacolas de uma das nossas companheiras, do outro eu já não sentia meus pés. E assim conseguimos andar míseras cinco horas sob salto e ainda levar a quatro mãos tudo o que elas compraram. Já haviam me dito que vida de assessora não era fácil, mas estar na "25" com os pés doendo, vontade insana de comprar tudo e ainda por luxo levar sacolas que não nos pertenciam, foi traumatizante.

Por fim, e chegando ao Mercadão de São Paulo tudo o queríamos era sentar. Mas o sentar estava mais longe do que imaginávamos. Num ato desesperado ligamos para o motorista ir nos encontrar. Mais uns 20 minutos de espera e corremos para o portão 11 onde finalmente encontraríamos a salvação. Enfim, conseguimos sentar. Já dentro do carro, esperamos por cerca de 15 minutos até que elas foram nos encontrar. Pensei: "Até que enfim! Vamos para casa!". Ah tá!

Tinha me esquecido que deveríamos encontrar com um motoboy que entregaria uma encomenda da empresa. Seguimos em direção ao shopping (faço questão de nem me lembrar o nome), almoçamos, compramos nossos "pedidos" de Mac Donald's e esperamos, esperamos, esperamos... Encomenda recebida, hora de partir.

Foram quase duas horas de trânsito na Marginal Tiête e eu só queria chegar em casa. Este intervalo de tempo foi suficiente para eu dormir tudo o que deveria na viagem inteira de volta. Quando eu acordei, ainda estávamos na saída de São Paulo e de repente todas dormiram. Fiquei de olhos estalados durante todo o percurso com um motorista que não passava dos 90 km/hora. Quanto mais eu rezava menos ele acelerava. Por fim e como meu dia já estava interminável resolvi cansar ainda mais na baladinha do República, só que com um diferencial, não fui de botas.